A rosa de Hiroshima – Vinicius de Moraes
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
Através das palavras, Vinicius de Moraes revela um olhar sensível sobre o traumático acontecimento no sul do Japão, que hoje, dia 06 de agosto de 2012, faz 67 anos que aconteceu. O apelo que o poeta faz para que pensemos nas pessoas que sofreram com a radioatividade da bomba atômica, lançada em Hiroshima em 1945, e que lembremos, sempre, da desolação e dos ferimentos que as guerras causam – ferimentos não somente físico, mas, sobretudo psicológico -, nos faz refletir sobre aquilo que jamais será esquecido pela história. A memória das mais de oitenta mil pessoas que morreram após o lançamento da bomba e das várias gerações que sofreram com os efeitos da radioatividade é preservada, entre tantas outras manifestações artísticas, no poema intitulado “Rosa de Hiroshima”.
O século XX foi prova de que a racionalidade e o progresso científico em disjunção com o afeto e a sensibilidade têm um poder altamente destrutivo. É preciso lembrar das mulheres, dos homens, das crianças que sofreram com as doenças genéticas, com a má formação dos fetos, com o comprometimento do sistema nervoso e hormonal e, assim, nos sintamos afetados com o que aconteceu no passado, para tentarmos evitar que novos conflitos dessa dimensão aconteçam.
Se uma bomba é capaz de destruir sonhos, sorrisos e a vida de milhares de pessoas, a arte é capaz de reconstruir os sentimentos que parecem estar perdidos. Se a beleza de milhares de flores – mulheres e crianças – foi transformada pelo impacto da guerra em uma imensa nuvem de pó, Vinicius de Moraes transforma essa nuvem novamente em flor, uma flor que nasce dentro de cada leitor, dentro de cada ser humano que se conscientiza da responsabilidade que têm pela vida das pessoas que dividem o mesmo espaço, os mesmos sentimentos de pureza e fragilidade.http://pueridomusararaquara.com.br/blog/?p=177